“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A Falácia da Maré Cheia


A principal divergência entre dois extremos de pensamento, o igualitário e o produtivo, é a ideia de que não se deve combater a desigualdade, mas a miséria. A imagem normalmente utilizada pelos liberais é a da maré que, quando sobe, leva consigo tanto os transatlânticos quanto os botes a remo. O grande mal não é a desigualdade, mas a pobreza e, a não ser por um dos pecados mortais humano, o da inveja, não há motivo para que os pobres não convivam em harmonia com os ricos, já que possuem o básico para sobreviver nos países ricos e possibilidade de ascender socialmente e também tornarem-se abonados, desde que consigam gerar valor para o restante de seus semelhantes.
Os liberais acrescentam ainda que a medida da geração de valor, o que não tem nada a ver com o esforço, termo preferido pelos esquerdistas, chama-se mérito. O mérito seria a régua pela qual deveria se medir as justas concessões de regalias sociais: dinheiro, cargos públicos, ativos sexuais (distribuição de mulheres e homens bonitos e charmosos, etc.), presença em mídia...
Dentre os inteligentes e ao mesmo tempo honestos, parece ser ponto passivo. Prefere-se ser pobre nos Estados Unidos ou no Lesoto?  Nos Estados Unidos, é óbvio! Prefere-se ser pobre na Suécia ou em Serra Leoa? Ora, mas se o Lesoto e Serra Leoa são dos países com menor desigualdade social do planeta, por que os nossos esquerdistas não se mudam para lá? Deve-se, portanto concentrar esforços para combater a pobreza, e não a desigualdade. “Causa finita est”.
Já que concordamos com esta ideia, e já que estamos falando de falácias, imaginemos uma “reductio ad absurdum”: para que as nações sejam mais ricas, as distribuições de renda doravante serão consideradas fora da lei. A esmola do pedinte, a gorjeta do garçom, as ajudas do governo, enfim, todo aquele valor que não seja obtido pelo trabalho produtivo e mérito deveria ser proibido! Será que esta não seria uma nação mais rica, já que não há combate á desigualdade?
A ideia de migrar dinheiro do rico para o pobre, sem qualquer mérito além da miserabilidade, é tão absurda assim? Coisa de esquerdista! Coisa de comunista!
Não. É coisa de liberal. Milton Friedman já defendia a ideia de um imposto negativo, aqueles que recebessem abaixo de certo valor, teriam direito a um ressarcimento da sociedade, como maneira a não serem coagidos pelo poder econômico alheio. Com o surgimento da inteligência artificial que provavelmente roubará postos de trabalho, já se fala até em um aprimoramento dessa ideia, o da Renda Básica Universal, ou, pela sigla em inglês, da UBI, no qual cada cidadão, independente da renda, receberia um valor mensal fixo oriundo das riquezas produzidas pelas máquinas inteligentes.
É um desincentivo ao trabalho. Será?
Os Estados Unidos, talvez onde mais se faz caridade e mais se dá gorjetas no mundo, está cada vez mais rico. A transferência voluntária de renda parece impactar a nação de maneira positiva, no caso das “tips” até parece incentivar os trabalhadores a serem mais produtivos nos setores de restaurantes e hotéis. A ideia de ignorar o combate à desigualdade como maneira de produzir riqueza é, portanto, senão tosca, não completa.
E o que, cargas d’água, a falácia da maré cheia tem a ver com a sexualidade e o casamento, que são os temas deste blog?
Argumenta-se que a sociedade monogâmica traz maior riqueza: é melhor para transmitir patrimônio, para gerar população (Sim! Os formigueiros humanos estão em países monogâmicos!), em tempos antigos, significava mais braços para as lavouras e para empunhar espadas, hoje mais mão de obra e cabeças criativas.
Acontece, que isso é isso é apenas um “Argumentum ad Plenus Maris”, uma Falácia da Maré Cheia.
Na medida em que as mulheres recebem 10% da renda mundial, apesar de representarem 49% da população, 70% dos miseráveis são mulheres e estas possuem apenas 1% dos ativos do mundo, há nitidamente um problema de transferência de renda que não depende de mérito.
E a única maneira de mitigar essa desigualdade é através dos casamentos poligâmicos. Transferir a riqueza de maneira voluntária de homens para mulheres é a maneira de transferência de renda mais antiga e eficiente que existe.
É o melhor dos dois mundos imaginários, o da plena riqueza e o da plena igualdade, é o local onde as ideias de esquerda e de direita se casam
É isso que a Falácia da Maré Cheia tem a ver com a sexualidade: grupos poligâmicos seguem um princípio distributivo que produz sociedades ao mesmo tempo mais igualitárias e mais ricas.
Simples assim.