A principal divergência entre dois
extremos de pensamento, o igualitário e o produtivo, é a ideia de que não se
deve combater a desigualdade, mas a miséria. A imagem normalmente utilizada
pelos liberais é a da maré que, quando sobe, leva consigo tanto os
transatlânticos quanto os botes a remo. O grande mal não é a desigualdade, mas
a pobreza e, a não ser por um dos pecados mortais humano, o da inveja, não há
motivo para que os pobres não convivam em harmonia com os ricos, já que possuem
o básico para sobreviver nos países ricos e possibilidade de ascender
socialmente e também tornarem-se abonados, desde que consigam gerar valor para
o restante de seus semelhantes.
Os liberais acrescentam ainda que a
medida da geração de valor, o que não tem nada a ver com o esforço, termo
preferido pelos esquerdistas, chama-se mérito. O mérito seria a régua pela qual
deveria se medir as justas concessões de regalias sociais: dinheiro, cargos
públicos, ativos sexuais (distribuição de mulheres e homens bonitos e
charmosos, etc.), presença em mídia...
Dentre os inteligentes e ao mesmo
tempo honestos, parece ser ponto passivo. Prefere-se ser pobre nos Estados
Unidos ou no Lesoto? Nos Estados Unidos,
é óbvio! Prefere-se ser pobre na Suécia ou em Serra Leoa? Ora, mas se o Lesoto
e Serra Leoa são dos países com menor desigualdade social do planeta, por que
os nossos esquerdistas não se mudam para lá? Deve-se, portanto concentrar
esforços para combater a pobreza, e não a desigualdade. “Causa finita est”.
Já que concordamos com esta ideia,
e já que estamos falando de falácias, imaginemos uma “reductio ad absurdum”: para
que as nações sejam mais ricas, as distribuições de renda doravante serão
consideradas fora da lei. A esmola do pedinte, a gorjeta do garçom, as ajudas
do governo, enfim, todo aquele valor que não seja obtido pelo trabalho
produtivo e mérito deveria ser proibido! Será que esta não seria uma nação mais
rica, já que não há combate á desigualdade?
A ideia de migrar dinheiro do rico
para o pobre, sem qualquer mérito além da miserabilidade, é tão absurda assim?
Coisa de esquerdista! Coisa de comunista!
Não. É coisa de liberal. Milton
Friedman já defendia a ideia de um imposto negativo, aqueles que recebessem
abaixo de certo valor, teriam direito a um ressarcimento da sociedade, como
maneira a não serem coagidos pelo poder econômico alheio. Com o surgimento da
inteligência artificial que provavelmente roubará postos de trabalho, já se
fala até em um aprimoramento dessa ideia, o da Renda Básica Universal, ou, pela
sigla em inglês, da UBI, no qual cada cidadão, independente da renda, receberia
um valor mensal fixo oriundo das riquezas produzidas pelas máquinas
inteligentes.
É um desincentivo ao trabalho.
Será?
Os Estados Unidos, talvez onde
mais se faz caridade e mais se dá gorjetas no mundo, está cada vez mais rico. A
transferência voluntária de renda parece impactar a nação de maneira positiva,
no caso das “tips” até parece incentivar os trabalhadores a serem mais
produtivos nos setores de restaurantes e hotéis. A ideia de ignorar o combate à
desigualdade como maneira de produzir riqueza é, portanto, senão tosca, não
completa.
E o que, cargas d’água, a falácia
da maré cheia tem a ver com a sexualidade e o casamento, que são os temas deste
blog?
Argumenta-se que a sociedade
monogâmica traz maior riqueza: é melhor para transmitir patrimônio, para gerar
população (Sim! Os formigueiros humanos estão em países monogâmicos!), em
tempos antigos, significava mais braços para as lavouras e para empunhar
espadas, hoje mais mão de obra e cabeças criativas.
Acontece, que isso é isso é apenas
um “Argumentum ad Plenus Maris”, uma Falácia da Maré Cheia.
Na medida em que as mulheres
recebem 10% da renda mundial, apesar de representarem 49% da população, 70% dos
miseráveis são mulheres e estas possuem apenas 1% dos ativos do mundo, há
nitidamente um problema de transferência de renda que não depende de mérito.
E a única maneira de mitigar essa
desigualdade é através dos casamentos poligâmicos. Transferir a riqueza de
maneira voluntária de homens para mulheres é a maneira de transferência de
renda mais antiga e eficiente que existe.
É o melhor dos dois mundos
imaginários, o da plena riqueza e o da plena igualdade, é o local onde as ideias
de esquerda e de direita se casam
É isso que a Falácia da Maré Cheia
tem a ver com a sexualidade: grupos poligâmicos seguem um princípio
distributivo que produz sociedades ao mesmo tempo mais igualitárias e mais
ricas.
Simples assim.