Em março de 2014 a Google
patenteou a primeira lente de contato inteligente do mundo que é uma espécie de
controle remoto para o Google Glass e tecnologias embarcadas em veículos.
A tecnologia avança muito
rapidamente. No momento que essas linhas são escritas parece ser apenas questão
de tempo para que câmeras diminutas possam ser instaladas nos olhos do usuário
ou em drones do tamanho de mosquitos, o que terá um impacto brutal na
privacidade.
Quando isso acontecer, e
isso provavelmente acontecerá muito em breve, será que as pessoas irão querer
fazer sexo com estranhos, de maneira que aquilo que atualmente se restringe a
quatro paredes possa ser exposto imediatamente na Rede Mundial de Computadores
para amigos e familiares assistirem em suas casas?
Já que não se terá muita
privacidade no futuro, não se sabe se essas tecnologias desencadearão uma nova
moral, como a do filósofo mendigo Diógenes de Sinope, na Antiga Grécia, que não
via mal em masturbar-se em público, mas em princípio tudo indica que ao invés
de uma nova moral é mais provável que poderá renascer um novo moralismo nos
moldes vitorianos e as pessoas simplesmente voltarão a evitar sexo com
estranhos, já que a confiança mútua necessária deverá ser muito maior do que é
atualmente. Não é muito difícil que a sociedade global volte a ser como uma
pequena cidade provinciana, com todos interferindo e olhando atentamente para a
vida de todos.
O avanço da tecnologia apenas tornará o que já existe mais
flagrante. A discrição que hoje é apenas exigida de artistas famosos e figuras
públicas, deverá ser estendida a todos, pois assim como uma artista famosa
perde contratos de publicidade ou uma candidata a cargo político perde votos,
se expostas em suas privacidades, em breve todos arriscarão a perder amigos, famílias,
pretendentes matrimoniais, empregos e carreiras acadêmicas se expuserem a sua
vida privada. E está cada dia que passa mais difícil de evitar isso, à medida
que a Aldeia Global prevista por McLuhan acontece e nos retribaliza.
No entanto, esse processo
não está iniciando só agora, mas vem desde 1960, quando foi inventada a pílula
anticoncepcional. A tecnologia só está tornando mais flagrante a outra face da última
Revolução Sexual.
Até o presente momento, a
maior hierarquia econômica obtida, para as mulheres inescrupulosas, compensava
enormemente o risco de ter a sua privacidade exposta, o que, além de muito
raro, é pouco importante com a moral atual, afinal, para a maior parte dos
mortais, quem se importa com boatos de quem se deita com quem? Será que a Lei
do Divórcio, de 1977, não se insere nesse aspecto? Será que para os indivíduos
de classes sociais mais abastadas não passou a valer a pena abandonar o marido
ou a esposa e casar-se com alguém que o promova social e economicamente? O “teste do sofá”, dormir com o chefe ou com
o superior hierárquico poderia, e de fato traz melhores cargos e salários,
melhores papéis na TV e melhores contatos sociais, de maneira que se pode
observar, pela primeira vez na história o crescimento dos súcubos: o movimento
gay ganhou importância política, muitas mulheres se tornaram poderosas e
prostitutas escrevem livros de sucesso e são convidadas a participarem de talk shows. Comportamentos que antes
eram condenados, hoje são incentivados, pois têm influência direta no sucesso
econômico de muitos indivíduos, sendo o mérito, os contatos pessoais e
profissionais muitas vezes bem menos importantes do que o “networking do motel”. Isso está mudando e muito provavelmente vai
mudar muito mais.
Buscando-se a mesma
atitude para os comuns, aqueles de classes e castas sociais menos favorecidas
será que foram beneficiados? Será que é interessante para a mulher comum, a
pobre ou a de classe média, trocar de marido à medida que envelhece até chegar
no ponto que os anos e a aparência não mais a favoreçam, sem nada que a
beneficie, além da solidão e da pobreza, dividindo nada por coisa alguma a cada
separação? Será que a Lei do Divórcio é justa ou apenas beneficia um pequeno
grupo de pessoas de mau caráter?
A mulher pobre e que age
corretamente é a principal prejudicada com a Revolução Sexual e com a
relativização dos costumes. O amor livre, portanto, não é de forma alguma
livre, pois traz consequências sociais significativas que beneficiam a astúcia
e prejudicam a boa-fé.
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