“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

POLIGAMIA É LIBERAL OU ESQUERDISTA?


Apesar de normalmente concordar, quem lê regularmente este blog sabe que se há algo que eu discordo profundamente dos pensadores liberais é a questão da poligamia, ou, usando-se o horrível e politicamente correto termo, o “poliamor”. Hoje, Rodrigo Constantino publicou este texto no jornal Gazeta do Povo que disserta sobre isso.
Seguindo a cartilha esquerdista, as instituições devem ser destruídas. E qual é a instituição primordial da sociedade? A família. Logo, as esquerdas primam por destruir o casamento monogâmico.
Ainda que essa intenção possa ser verdadeira, como veremos, ambos os lados estão errados, a esquerda achando que os casamentos poligâmicos destruirão o capitalismo opressor, e os liberais, crendo que eles estão certos.
Em primeiro lugar, Deus criou Adão, Eva e Lilith: Deus criou o homem, macho e fêmea “os” criou (Gênesis 1, 27), dizem os que estudam profundamente a Bíblia, que, aliás, não deveriam defender a monogamia tão ferozmente, afinal, Isaque, Abraão e Jacó tinham várias esposas. Salomão tinha trezentas esposas e setecentas concubinas. Marta e Maria têm crises de ciúmes por Jesus... Deixemos, portanto, amigos liberais, as contradições com os conservadores, e tenhamos a cabeça mais aberta.
Vamos ao fatos. O IBGE nos informa que aos 65 anos temos aproximadamente quatro mulheres solteiras para cada homem. Enquanto a probabilidade de uma mulher envelhecer sozinha é, majoritária, de 66%, a de um homem é, minoritária, de apenas 25%. Limitar o casamento a apenas uma mulher, é, portanto, uma imposição do estado nessa questão, algo totalmente contra o pensamento liberal e fonte dessas desigualdades. E isso não é apenas um fenômeno brasileiro e contemporâneo, mas acontece em qualquer sociedade monogâmica. Há séculos, o Talmud já limitava o número de esposas de um homem em quatro, pois com mais ou menos que isso, acontecem discrepâncias sociais.
Ora, direis, mas as ricas sociedade ocidentais liberais são todas monogâmicas, povos poligâmicos são atrasados e oprimem as mulheres!
Sim e não. Não existe relação lógica direta. Sociedades monogâmicas são mais industrializadas e normalmente menos opressoras para com o sexo feminino por um simples motivo: geram excedente de mão de obra, pois mulheres solteiras são obrigadas a entrarem no mercado de trabalho, mas desde quando o trabalho para um terceiro liberta o indivíduo? A livre iniciativa, os estudos, as lei favoráveis, os direitos proprietários, a escolha da natalidade, etc., certamente são favoráveis à mulher, mas pertencer a um mercado de trabalho é discutível, pois trabalhar para outro muitas vezes significa ter instabilidade e baixos salários, apenas uma elite feminina é beneficiada com este sistema. Será que é sempre melhor acordar às cinco, pegar dois ônibus para trabalhar em uma linha de montagem emburrecedora, ou é melhor para algumas mulheres casarem-se e acordarem às dez na casa de praia? O trabalho liberta? Será? Assim dizia no pórtico de Auschwitz.
O primeiro imperador que se tem notícia, que tomou medidas liberais como a liberdade religiosa, controles sobre a caça e criou infraestrutura de correios, foi Gengis Khan, que vivia em uma sociedade poligâmica. Aliás, a recorrência aos antigos, é lugarcomum dentre os liberais no que tange ao casamento homossexual: a Grécia e Roma, que veneravam tal sexualidade, jamais homologaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No mesmo raciocínio, a grande maioria dos povos antigos inseriram o casamento poligâmico dentro de seus sistemas legais. Das 250 grandes culturas estudadas no início do século XX, 196 eram poligâmicas. A poligamia não destrói a família, como gostariam os esquerdistas, apenas cria clãs, que também são células sociais coesas, o que vai contra qualquer projeto totalitário.
Com a monogamia, temos, por outro lado, uma enorme quantidade de “velhas dos gatos”, mulheres que passarão as velhices solitárias, aumento de prostituição, aumentos de gastos com previdência social, desamparo e maior pobreza na população feminina, por um puro e simples desequilíbrio de mercado. O estado interfere na questão matrimonial, impedindo que homens assumam economicamente e afetivamente as mulheres que são excedentes populacionais.
Em conclusão, a defesa da monogamia não tem nada a ver com o discurso liberal, pelo contrário, é apenas oriundo de ranzinzas conservadores que tentam impor uma ditadura teocrática sem terem lido a Bíblia com atenção. 
Muito pelo contrário, um verdadeiro liberal deveria aclamá-la.

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