“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

MAIS MULHERES SÃO ATRAÍDAS POR OUTRAS MULHERES QUE HOMENS POR OUTROS HOMENS


A pesquisa anterior da Boise State University já havia apontado neste sentido, a de que é mais provável que uma mulher seja mais flexível com sua opção sexual que  um homem.
Agora a nova pesquisa a respeito do fato das mulheres serem “heteroflexíveis” (gostei do neologismo!) dá uma explicação heterodoxa para o fato: a de que viúvas e abandonadas estariam mais protegidas socialmente se tivessem ligações com outras mulheres.
Quando será que os cientistas vão perceber o óbvio, a de que o ser humano é polígino, como acontece nas sociedades tradicionais, e que a monogamia só teve uma função histórica, a de acúmulo de capital na mão de poucas famílias. Sem monogamia não teríamos as grandes navegações, os bancos, as companhias de colonização, a ciência promovida pelas grandes empresas ou todas as benesses do comércio e do capitalismo, mas teríamos também menor desigualdade social.

Essa é a discussão, qual é a opção social que deve ser tomada, que ao mesmo tempo vai contra o moralismo dos conservadores e o igualitarismo estúpido das esquerdas. É por isso que nenhum pesquisador sério fala o óbvio.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

SEXO NÃO É DESEJO!


Alguns incautos da direita começaram a repetir os mesmo erros das esquerdas burras.
Ontem mesmo, Reinaldo Azevedo criticava a bobagem proferida pelo cartunista Laerte, em desejar usar o banheiro feminino pelo fato de ser transgênero.  Com muita pertinência, foi argumentado pelo comentarista que não basta querer algo para que esta coisa se transforme automaticamente em direito, pois esse é um pensamento absolutamente tosco.
Antes todos pensassem assim.
O Deputado Diego Garcia, no entanto, denunciou a manipulação da enquete eletrônica que define família como constituída de um homem e de uma mulher. A denúncia faz sentido, mas o que está mais errado, já em princípio, é a existência de uma enquete para estabelecer tal fato. Ora, aquelas para a abolição total dos impostos ou para estabelecer a pena de morte seriam também, certamente, majoritárias, mas isso não quer dizer que elas tenham alguma função prática, senão aquela demagógica e populista.  
Se a vontade unilateral determinasse o casamento, não existiria nenhum motivo para impedir o campônio de casar-se com a sua ovelha, portanto, não é porque a maior parte das pessoas estabelece um casamento convencional que este deve ser a única maneira aceitável.
Todas as sociedades, em todos os tempos, estabeleceram alguma forma de casamento porque ele cumpre uma função, e é esta funcionalidade que deve ser discutida. Conforme já foi falado nesta postagem anterior, o casamento convencional tem uma série de vantagens, mas o casamento poligâmico evita a solidão de grande parte da população feminina na velhice e reduz o desequilíbrio econômico entre homens e mulheres. O casamento homossexual teria função apenas em sociedades poligâmicas, de maneira a não destituir famílias já constituídas.
A sexualidade e o casamento, portanto, não partem de mera discussão de desejos, mas muito mais profundamente, de uma consistente razão de Estado, e são essas funções que devem ser conhecidas e discutidas.


Luiz Bonow, 2015

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre a isonomia do ciúme.


Uma pergunta recorrente dos amigos com os quais o autor comenta sobre as questões de poligamia aqui estudadas dizem respeito aos ciúmes femininos. Como uma mulher poderia suportar a presença de outra como algo natural? Assim como o homem sente ciúmes da mulher, por fundamentos biológicos já bem estudados, quase lugar-comum, que é o de não criar descendentes de outros, não haveria um fundamento biológico no sexo feminino também, o de manter o provedor e protetor próximo para que os filhos, em ambiente natural primitivo, tivessem maiores chances de sobrevivência? Seriam os ciúmes um sentimento isonômico que se dá da mesma maneira em homens e mulheres?
Qualquer proprietário de um cão sabe que existe ciúme dentre os animais. Assim que chega um novo cachorrinho ou um bebê na casa, o antigo “reizinho” se manifesta contrário à invasão, mas não é disso que se fala aqui, mas sim do ciúmes de origem sexual.
Entre os machos das diversas espécies é bem conhecido a imposição de territorialidade: carneiros se cabeceiam, elefantes marinhos se trucidam, macacos se espancam e galos se depenam pelo privilégio das fêmeas. Nada novo.
Porém, no reino animal, raramente se veem fêmeas brigando pelo privilégio do macho dominante. Talvez até aconteça e este comportamento foi verificado no zoológico de El Paso, no Texas, quando uma tigresa atacou e matou o tigre macho[1] que estava em um “triângulo amoroso” com outra tigresa na jaula, mas não é um comportamento comum e não se tem como saber se foi realmente um acesso de ciúme da fêmea. Se existe ciúme das fêmeas no reino animal, a ciência ainda não tem certeza.
Assim, diferente das demais espécies animais, qual é a razão biológica por que o ser humano desenvolveu o ciúme feminino?
Quando se fala de seres humanos alguns fatos devem ser levados em consideração ao estudar-se o fenômeno.
O primeiro deles é que o ciúme se dá normalmente em relação da esposa oficial à amante e não o contrário. Aquela que sabe que o homem é casado normalmente se mantém no seu silêncio e discrição. Ainda que possa existir a interiorização do sentimento, é comum que a esposa só descubra da sua existência quando aparecem filhos crescidos ou quando a concubina aparece chorando no velório.  A sociedade, aliás, vê a outra como uma espécie de usurpadora, de destruidora de lares, de pessoa indigna e maquiavélica, e não na real dimensão humana, de uma pessoa que ama e que busca a felicidade.
Maior é o tamanho deste preconceito quando se compreende o “princípio da tampa da panela”, que preconiza que não há um único homem para uma única mulher, mas, dependendo da faixa etária, tem-se aproximadamente quatro mulheres para cada homem na nossa sociedade, de maneira que existe um grande contingente de amantes e um enorme número de famílias poligâmicas não oficializadas.
A primeira constatação, portanto, é a de que o ciúme é um sentimento proprietário, e não feminino, pois nem todas as mulheres envolvidas em uma relação amorosa o demonstram, mas normalmente ocorre na Primeira.
Um filme brilhante a esse respeito é o Lanternas Vermelhas[2], em que a primeira esposa de um rico comerciante da China do início do século XX planeja a derrocada da quarta esposa, bem mais jovem. As “irmandades”, as “sister-wives”, como têm sido chamadas as esposas de casamentos poligâmicos nos Estados Unidos, parecem obedecer a uma hierarquia, em que a primeira, normalmente a mais velha, parece ser a dirigente do lar.
O sentimento de ciúme que a esposa “oficial” ou a “primeira” esposa sente, parece se manifestar tanto em sociedades monogâmicas, como poligâmicas.
Nas sociedades poligâmicas, no entanto, outro fenômeno se manifesta que é a ausência de ciúme quando já existe uma relação afetiva entre as pretendentes. É comum a primeira esposa intimar o marido dos motivos pelos quais ele não desposa a sua irmã ou amiga próxima que enfrenta necessidades financeiras[3]. A poligamia é vista pelas próprias mulheres envolvidas como um comportamento, não só natural, mas também desejável para um melhor equilíbrio social.
É, portanto, válido se pensar que o ciúme não e um sentimento isonômico, que se manifesta da mesma maneira para o homem e para a mulher e nem da mesma maneira entre a mulher “proprietária” e a mulher “intrusa”.
Tudo indica que os ciúmes femininos são sentimentos proprietários, apreendidos culturalmente, e não um imperativo biológico universal. Este é o motivo porque a palavra “corno” não tem feminino.



[2] Disponível em: http://www.imdb.com/title/tt0101640/?ref_=fn_al_tt_1. Acesso 02 Set 2014.
[3] Apenas um exemplo, dentre muitos que ocorrem em países poligâmicos, em que a esposa obriga o esposo a se casar com outra, Disponível em: http://chatosechatolin.blogspot.com.br/2013/04/professora-obriga-noivo-se-casar-com.html. Acesso 02 set 2014.