Em
alguns artigos que fizeram sucesso na internet, chamados “Quem herdará a
terra?” e “Sociologia do Ateísmo”, publicados no jornal Folha de São Paulo[1], Luiz
Felipe Pondé levanta dados interessantes sobre o decaimento da cultura
ocidental secular devido à grande diferença de taxas de fertilidade entre os
grupos religiosos fundamentalistas e os seculares. Os seculares ainda dominam,
segundo o autor a maior parte das “instâncias de razão pública”: universidades,
mídia, tribunais e escolas, mas é questão de tempo para que essas instituições
venham a ser tomadas pelo mero discurso religioso, não científico, tendo em
vista a grande pressão populacional.
O
argumento numérico é pertinente, de fato, mas não parece ser o único a ser
considerado. Se assim fosse, não existiria produção de riqueza no mundo e nem
civilização, já que os mais pobres, sempre numericamente superiores, avançariam
sobre os bens e propriedades dos mais ricos e os mais ignorantes, também sempre
numericamente superiores, contestariam os avanços culturais revolucionários dos
mais instruídos e de ideias mais arrojadas, de maneira que jamais existiria
progresso econômico ou intelectual, mas se sabe que isso não acontece, o
domínio está entre os que detém o conhecimento e a riqueza.
A
leitura atenta dos estudos que têm sido postados neste blog acrescenta mais um elemento: em sociedades
poligâmicas, os mais ricos e instruídos detentores do poder poderiam ter mais
filhos, revertendo a questão populacional. Nesse aspecto, o conhecimento
secular pode vir a ser dominante inclusive no aspecto numérico, dificultando
assim a tomada da civilização ocidental pelas trevas do fanatismo e do
fundamentalismo religioso.
A
posição do autor, portanto, não é tão fatalista quanto a de Pondé, pois, para o
pensamento ocidental que tanto se venera, ainda há esperança.
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