“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A sociedade secular está fadada ao fracasso?

Em alguns artigos que fizeram sucesso na internet, chamados “Quem herdará a terra?” e “Sociologia do Ateísmo”, publicados no jornal Folha de São Paulo[1], Luiz Felipe Pondé levanta dados interessantes sobre o decaimento da cultura ocidental secular devido à grande diferença de taxas de fertilidade entre os grupos religiosos fundamentalistas e os seculares. Os seculares ainda dominam, segundo o autor a maior parte das “instâncias de razão pública”: universidades, mídia, tribunais e escolas, mas é questão de tempo para que essas instituições venham a ser tomadas pelo mero discurso religioso, não científico, tendo em vista a grande pressão populacional.
O argumento numérico é pertinente, de fato, mas não parece ser o único a ser considerado. Se assim fosse, não existiria produção de riqueza no mundo e nem civilização, já que os mais pobres, sempre numericamente superiores, avançariam sobre os bens e propriedades dos mais ricos e os mais ignorantes, também sempre numericamente superiores, contestariam os avanços culturais revolucionários dos mais instruídos e de ideias mais arrojadas, de maneira que jamais existiria progresso econômico ou intelectual, mas se sabe que isso não acontece, o domínio está entre os que detém o conhecimento e a riqueza.
A leitura atenta dos estudos que têm sido postados neste blog acrescenta mais um elemento: em sociedades poligâmicas, os mais ricos e instruídos detentores do poder poderiam ter mais filhos, revertendo a questão populacional. Nesse aspecto, o conhecimento secular pode vir a ser dominante inclusive no aspecto numérico, dificultando assim a tomada da civilização ocidental pelas trevas do fanatismo e do fundamentalismo religioso.
A posição do autor, portanto, não é tão fatalista quanto a de Pondé, pois, para o pensamento ocidental que tanto se venera, ainda há esperança.

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