“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

EROS, TANATHOS E O SENTIDO DA VIDA


Os seres humanos sabem que vão morrer.  Para tentar amenizar um pouco desta certeza, buscar um pouco de consolo, todos os povos criaram mitos sobre aquilo que aconteceria após a morte, cada qual diferente do outro.
Existem dois tipos de morte, aquela que ocorre no final da vida e outra que se dá a cada segundo, o tempo que passa e não volta mais. Existem duas maneiras absolutamente certas de lidar com a morte: deixar algo que permanecerá após a passagem do ser humano sobre terra ou tentar aproveitar o momento que passa.
A fórmula anedótica para deixar algo é bem conhecida: ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Vale também pintarem-se quadros, construir uma ponte ou compor uma sinfonia.
No entanto, nada disso ficará. A única coisa permanente na vida é a mudança. Como se sabe, um dia a família terminará, as árvores que plantamos se extinguirão e a língua com que escrevemos o livro não mais será falada. No entanto essa sensação de permanência é uma das coisas que dão sentido à vida, pois é uma maneira de afrontar a morte.
O segundo que passa não pode ser agarrado, no entanto, pode ser usufruído. Outra maneira de desafiar a morte é através do prazer.
O prazer está sempre nos hormônios e nos neurotransmissores. Busca-se a adrenalina, as endorfinas, a oxitocina ou a testosterona, o ser humano é viciado neles, drogas naturais do organismo.
Dentre todas as maneiras hormonais que se busca para aproveitar de alguma maneira a passagem inexorável do tempo, o sexo é a mais importante, já que está impregnada no nosso DNA pela missão de perpetuar a espécie. Só se busca as demais, as aventuras, a velocidade, as pequenas alegrias, as drogas artificiais ou os prazeres da mesa porque não se pode dispor de relações sexuais o tempo todo, de maneira que se pode chamar todos esses citados de sub-prazeres.
Nesse sentido, as técnicas para obter e prolongar o prazer sexual se tornam importantes. Aqueles que não as dominam simplesmente não conseguem uma forte ferramenta para desafiar a morte. O deus da morte, Tanathos é combatido com o deus do prazer físico, Eros.
Aqueles que não conseguem deixar nada para após a sua existência e aqueles que não vivem pelo e para o prazer são simples fantasmas apenas assombrando a vida e passando por ela como se nunca tivessem existido.
Desafiar a morte. É por isso que se faz sexo.

Luiz Bonow, 2015

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