Os seres humanos sabem que
vão morrer. Para tentar amenizar um
pouco desta certeza, buscar um pouco de consolo, todos os povos criaram mitos
sobre aquilo que aconteceria após a morte, cada qual diferente do outro.
Existem dois tipos de
morte, aquela que ocorre no final da vida e outra que se dá a cada segundo, o
tempo que passa e não volta mais. Existem duas maneiras absolutamente certas de
lidar com a morte: deixar algo que permanecerá após a passagem do ser humano
sobre terra ou tentar aproveitar o momento que passa.
A fórmula anedótica para
deixar algo é bem conhecida: ter um filho, escrever um livro e plantar uma
árvore. Vale também pintarem-se quadros, construir uma ponte ou compor uma
sinfonia.
No entanto, nada disso
ficará. A única coisa permanente na vida é a mudança. Como se sabe, um dia a
família terminará, as árvores que plantamos se extinguirão e a língua com que
escrevemos o livro não mais será falada. No entanto essa sensação de
permanência é uma das coisas que dão sentido à vida, pois é uma maneira de
afrontar a morte.
O segundo que passa não
pode ser agarrado, no entanto, pode ser usufruído. Outra maneira de desafiar a
morte é através do prazer.
O prazer está sempre nos
hormônios e nos neurotransmissores. Busca-se a adrenalina, as endorfinas, a
oxitocina ou a testosterona, o ser humano é viciado neles, drogas naturais do
organismo.
Dentre todas as maneiras
hormonais que se busca para aproveitar de alguma maneira a passagem inexorável
do tempo, o sexo é a mais importante, já que está impregnada no nosso DNA pela
missão de perpetuar a espécie. Só se busca as demais, as aventuras, a
velocidade, as pequenas alegrias, as drogas artificiais ou os prazeres da mesa
porque não se pode dispor de relações sexuais o tempo todo, de maneira que se
pode chamar todos esses citados de sub-prazeres.
Nesse sentido, as técnicas
para obter e prolongar o prazer sexual se tornam importantes. Aqueles que não
as dominam simplesmente não conseguem uma forte ferramenta para desafiar a
morte. O deus da morte, Tanathos é combatido com o deus do prazer físico, Eros.
Aqueles que não conseguem
deixar nada para após a sua existência e aqueles que não vivem pelo e para o
prazer são simples fantasmas apenas assombrando a vida e passando por ela como
se nunca tivessem existido.
Desafiar a morte. É por
isso que se faz sexo.
Luiz Bonow, 2015
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