Campo de Estudo: Orgasmo
Comojá foi falado anteriormente neste blog, durante o início das grandes civilizações, isto é,
em algum ponto localizado há perto de 5000 anos, os homens descobriram uma
maneira de reter a ejaculação através da pressão das três musculaturas da
pélvis, contração que forma um triângulo equilátero ou uma pirâmide de base
quadrada, se forem tomadas as musculaturas das nádegas em conjunto, sendo que
estes são símbolos presentes na maior parte das religiões avançadas.
Além destas
contrações, que são maneiras físicas, mecânicas, de retenção do espasmo
ejaculatório, existe uma maneira nervosa, enviando uma informação alheia ao
próprio cérebro, similar à técnica de morder a língua para evitar um espirro.
São os chamados mudrás.
Podem-se dividir os mudrás
em três categorias. Os mudrás sexuais, os mudrás yôgicos e os mudrás não
yôgicos.
Mudrás Sexuais são aqueles que possuem função durante o ato sexual ou conotação
nitidamente sexual. Pode-se chamar de Mudrá Sexual todo aquele gesto que é
feito durante o ato sexual para desviar a atenção do impulso ejaculatório,
normalmente executados com uma única mão.
Uma anedota popular diz
que o homem deve pensar em um elefante rosa passeando pelo quarto para evitar a
ejaculação, mas os criadores do yoga descobriram uma maneira mais simples e
menos patética, o de desviar a atenção para gestos feitos com as mãos.
O orgasmo pode ser
controlado através dos mudrás sexuais. Por exemplo, no instante do orgasmo, ao
pressionar o polegar com a unha de um do dedo anular (Prithivi Mudrá) ou com a
unha do dedo mínimo (Bhudi Mudrá), ou mesmo com o indicador (jnana ou chin
mudrá), o pequeno incômodo causado é o suficiente para mudar a atenção do
espasmo, possibilitando ao Estudante de Si Próprio desviar o fluxo do “prana”,
ao invés do derrame de esperma, para a ignição da kundalini. O mesmo efeito é obtido pela pressão dos dedos, por exemplo,
fechar-se o punho com o polegar para dentro (Purna Mudrá) ou pressionar a
segunda falange do indicador com o polegar (Vayu Mudrá).
Outro detalhe presente nas
ilustrações antigas diz respeito ao vajroli-mudrá, a contração muscular da
região próxima à próstata. Este mudrá é executado, forçando-se a pressão no
sentido vertical, trazendo a musculatura para cima, em direção ao nadi sushumna
(coluna vertebral). É por isso que muitas religiões produzem representações de
pirâmides “magrinhas”, com faces de triângulos isósceles alongados, e não
triângulos equiláteros. O vajroli-mudrá, portanto é executado exatamente da
mesma maneira que o uddiyana bandha (contração do estômago), sugando-se a
musculatura para dentro e para cima.
Mudrás Yôgicos são aqueles utilizados durante o treinamento. “Mostrar o dedo” ou
fazer uma figa são gestos populares de conotação sexual. No yoga, tem-se os
mudrás como o “yoni mudrá” que é a representação com as mãos do formato de uma
vagina (yoni=vagina, em sânscrito), ou o “shiva mudrá”, representando um pênis.
Tais gestos lembram ao praticante a função sexual da meditação, mantendo-o concentrado
naquela forma específica, auxiliando-o no treinamento para o ato sexual em si.
Na maior parte das vezes, os mudrás yogicos são executados com ambas as mãos,
já que elas não se encontram ocupadas, como devem estar no momento do ato
sexual.
Outra função dos mudrás
yôgicos é o de dirigir a atenção, não para a excitação sexual em si, mas para
determinados pontos em que a kundalini deve ser concentrada, ou sejam, os
chakras. O mais popular desses gestos é o da prece (Añjali Mudrá ou Atmanjali
Mudrá), não por acaso incorporado por diversas religiões e culturas. É o
cumprimento cambojano “Sampeah”, o “Wai” dos tailandeses, o gesto de oração dos
cristãos. O Añjali Mudrá, normalmente representado de encontro ao peito, no
entanto é o único mudrá que pode ser executado sobre qualquer dos sete chakras:
1) com os braços estendidos, pontas dos dedos para baixo, indica o Muladhara;
2) braços estendidos, dedos para a frente, Svadhisthana; 3) braços estendidos,
dedos para cima, Manipura; 4) prece em frente ao externo, em 90º, Anahata; 5)
polegares sob o queixo, Vishudda; 6) curva dos polegares apoiada na curva do
nariz, Ajña e 7) sobre a cabeça, Sahasrara.
Por exemplo, ao
encostar-se as palmas das mãos em frente ao peito, a atenção é voltada para
aquela região (chakra Anahata). Restringindo a subida da kundalini no trecho
entre a pirâmide muscular do ventre e a região do coração, aumentando a sua
intensidade naquele espaço do corpo.
Outro mudrá popular
destinado à concentração é o que coloca uma das mãos sobre a palma da outra,
tocando a ponta dos polegares (Dhyani Mudrá), pode se muitas vezes observado em
estátuas de Buda. Os dedos abertos dispersam a concentração, facilitando a
ascensão da kundalini e os dedos fechados facilitam a concentração na pirâmide
muscular, isto é, no início da meditação o praticante deve encostar os dedos, e
no final, abri-los para tentar ascender a kundalini.
Mudrás Não Yôgicos são mudrás de conteúdo não sexual, que, em princípio, não possuem
ação alguma sobre o controle da kundalini. Normalmente são resquícios das
danças de origem sexual, executadas exclusivamente por mulheres, incorporadas
pela cultura do yoga, que não possuem função neste campo, mas, colocadas no seu
contexto histórico e geográfico, estão mais para a Arte dos Lençóis, do que
para os conhecimentos que concernem ao orgasmo. Os mudrás não yôgicos possuem
função simbólica ou religiosa, sendo muito mais ligados ao conceito de transe
(movimentos de cunho encantatório ou alucinatório) que da meditação (êxtase).
Luiz Bonow, 2015
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