“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

UM PEQUENO ESTUDO SOBRE OS MUDRÁS


Campo de Estudo: Orgasmo

Comojá foi falado anteriormente neste blog, durante o início das grandes civilizações, isto é, em algum ponto localizado há perto de 5000 anos, os homens descobriram uma maneira de reter a ejaculação através da pressão das três musculaturas da pélvis, contração que forma um triângulo equilátero ou uma pirâmide de base quadrada, se forem tomadas as musculaturas das nádegas em conjunto, sendo que estes são símbolos presentes na maior parte das religiões avançadas.
Além destas contrações, que são maneiras físicas, mecânicas, de retenção do espasmo ejaculatório, existe uma maneira nervosa, enviando uma informação alheia ao próprio cérebro, similar à técnica de morder a língua para evitar um espirro. São os chamados mudrás.
Podem-se dividir os mudrás em três categorias. Os mudrás sexuais, os mudrás yôgicos e os mudrás não yôgicos.
Mudrás Sexuais são aqueles que possuem função durante o ato sexual ou conotação nitidamente sexual. Pode-se chamar de Mudrá Sexual todo aquele gesto que é feito durante o ato sexual para desviar a atenção do impulso ejaculatório, normalmente executados com uma única mão.
Uma anedota popular diz que o homem deve pensar em um elefante rosa passeando pelo quarto para evitar a ejaculação, mas os criadores do yoga descobriram uma maneira mais simples e menos patética, o de desviar a atenção para gestos feitos com as mãos.
O orgasmo pode ser controlado através dos mudrás sexuais. Por exemplo, no instante do orgasmo, ao pressionar o polegar com a unha de um do dedo anular (Prithivi Mudrá) ou com a unha do dedo mínimo (Bhudi Mudrá), ou mesmo com o indicador (jnana ou chin mudrá), o pequeno incômodo causado é o suficiente para mudar a atenção do espasmo, possibilitando ao Estudante de Si Próprio desviar o fluxo do “prana”, ao invés do derrame de esperma, para a ignição da kundalini. O mesmo efeito é obtido pela pressão dos dedos, por exemplo, fechar-se o punho com o polegar para dentro (Purna Mudrá) ou pressionar a segunda falange do indicador com o polegar (Vayu Mudrá).
Outro detalhe presente nas ilustrações antigas diz respeito ao vajroli-mudrá, a contração muscular da região próxima à próstata. Este mudrá é executado, forçando-se a pressão no sentido vertical, trazendo a musculatura para cima, em direção ao nadi sushumna (coluna vertebral). É por isso que muitas religiões produzem representações de pirâmides “magrinhas”, com faces de triângulos isósceles alongados, e não triângulos equiláteros. O vajroli-mudrá, portanto é executado exatamente da mesma maneira que o uddiyana bandha (contração do estômago), sugando-se a musculatura para dentro e para cima.
Mudrás Yôgicos são aqueles utilizados durante o treinamento. “Mostrar o dedo” ou fazer uma figa são gestos populares de conotação sexual. No yoga, tem-se os mudrás como o “yoni mudrá” que é a representação com as mãos do formato de uma vagina (yoni=vagina, em sânscrito), ou o “shiva mudrá”, representando um pênis. Tais gestos lembram ao praticante a função sexual da meditação, mantendo-o concentrado naquela forma específica, auxiliando-o no treinamento para o ato sexual em si. Na maior parte das vezes, os mudrás yogicos são executados com ambas as mãos, já que elas não se encontram ocupadas, como devem estar no momento do ato sexual.
Outra função dos mudrás yôgicos é o de dirigir a atenção, não para a excitação sexual em si, mas para determinados pontos em que a kundalini deve ser concentrada, ou sejam, os chakras. O mais popular desses gestos é o da prece (Añjali Mudrá ou Atmanjali Mudrá), não por acaso incorporado por diversas religiões e culturas. É o cumprimento cambojano “Sampeah”, o “Wai” dos tailandeses, o gesto de oração dos cristãos. O Añjali Mudrá, normalmente representado de encontro ao peito, no entanto é o único mudrá que pode ser executado sobre qualquer dos sete chakras: 1) com os braços estendidos, pontas dos dedos para baixo, indica o Muladhara; 2) braços estendidos, dedos para a frente, Svadhisthana; 3) braços estendidos, dedos para cima, Manipura; 4) prece em frente ao externo, em 90º, Anahata; 5) polegares sob o queixo, Vishudda; 6) curva dos polegares apoiada na curva do nariz, Ajña e 7) sobre a cabeça, Sahasrara.    
Por exemplo, ao encostar-se as palmas das mãos em frente ao peito, a atenção é voltada para aquela região (chakra Anahata). Restringindo a subida da kundalini no trecho entre a pirâmide muscular do ventre e a região do coração, aumentando a sua intensidade naquele espaço do corpo.
Outro mudrá popular destinado à concentração é o que coloca uma das mãos sobre a palma da outra, tocando a ponta dos polegares (Dhyani Mudrá), pode se muitas vezes observado em estátuas de Buda. Os dedos abertos dispersam a concentração, facilitando a ascensão da kundalini e os dedos fechados facilitam a concentração na pirâmide muscular, isto é, no início da meditação o praticante deve encostar os dedos, e no final, abri-los para tentar ascender a kundalini.
Mudrás Não Yôgicos são mudrás de conteúdo não sexual, que, em princípio, não possuem ação alguma sobre o controle da kundalini. Normalmente são resquícios das danças de origem sexual, executadas exclusivamente por mulheres, incorporadas pela cultura do yoga, que não possuem função neste campo, mas, colocadas no seu contexto histórico e geográfico, estão mais para a Arte dos Lençóis, do que para os conhecimentos que concernem ao orgasmo. Os mudrás não yôgicos possuem função simbólica ou religiosa, sendo muito mais ligados ao conceito de transe (movimentos de cunho encantatório ou alucinatório) que da meditação (êxtase).


Luiz Bonow, 2015

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