Aquele que
começa a estudar as coisas da alma depara-se com uma insanidade magistral. As
expressões, as explicações e os conceitos são totalmente doidivanas,
principalmente se for considerado o pensamento moderno, científico e analítico,
que busca conhecer a natureza profundamente.
Por mais
paradoxal que possa parecer, o atual conceito de natureza não é uma concepção
“natural”, mas uma invenção de pensadores como São Tomás de Aquino, Francis
Bacon e René Descartes. Os povos antigos, sem dispor dessas ferramentas
intelectuais, precisavam dar explicações para os fenômenos que observavam,
diga-se de maneira amena, totalmente maluca!
O uso de
drogas e a prática do sexo, quando combinados ou não, produziam resultados
totalmente incompreensíveis. Alguns, mais simplórios, tentavam explicar o
“mundo do além” observado durante o prazer e pela mudança de estados de
consciência, pela presença de espíritos ou seres imaginários, como deuses ou
entes mitológicos, mas alguns poucos criaram narrativas mais próximas daquilo
que podemos chamar hoje de uma ciência da natureza.
Observe-se
que longe se está da alegação a respeito da “sabedoria” dos povos antigos. Pelo
contrário, tratava-se de um tempo de trevas e ignorância, de maneira que hoje
em dia precisa-se novamente pavimentar o caminho que foi traçado, de maneira
que ele possa ser transitado.
Para este
mister, o corpo humano, antes das tomografias computadorizadas e mesmo das
dissecações de cadáveres, era aquilo observado pelo próprio indivíduo,
subjetivamente. O “algo” que circulava internamente, que hoje chamamos de fluxo
sanguíneo, fluxo respiratório, reflexo nervoso ou extensão muscular era chamado
de um único nome, “prana” pelos indianos, ou “chi”, pelos chineses. A parte do
prana mais intensa, que se manifesta durante o orgasmo, era chamada de “kundalini”.
Os vasos imaginários em que transitariam o prana e a kundalini eram chamados de
“nadis”, pelos indianos ou “meridianos”, pelos chineses.
Hoje em dia se
sabe que a coluna vertebral possui dezenas de articulações, mas, do ponto de
vista do indivíduo, existiriam apenas cinco, uma na junção das pernas e dos
quadris, uma próxima ao umbigo, uma na altura do coração, uma na base do
pescoço e a última na base da nuca. Essas articulações, foram chamadas pelo
nome óbvio de “rodas”, que em sânscrito é “chakra”.
O mais
interessante é que este amontoado de conceitos absurdos criou uma maneira
particular de enxergar o mundo que produz resultados práticos. Mesmo que a
teoria não seja verdadeira, o resultado é surpreendente. Até hoje, nunca foi
criada uma teoria do orgasmo que parta de conceitos científicos, de maneira que
o estudioso possui como única ferramenta essa maneira simplória de pensar.
Luiz Bonow, 2015
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