Campo de Estudo: Orgasmo
Encontra-se
muita crítica na Internet a respeito do professor de yoga DeRose, mas, citando
ou não fontes bibliográficas, baseando-se ou não em trabalhos anteriores, ele
teve a grande sacada de colocar e divulgar o yoga quase como um método
cartesiano arcaico, formado de partes. Sem dúvida, é um sujeito de mérito, ainda
que no Brasil não se tenha o costume de dar valor ao valor.
A Arte dos
Lençóis é um conjunto de técnicas, desenvolvida por diversos povos antigos, para
um homem dar prazer a suas diversas esposas. Como as camas, e consequentemente os
lençóis, foram inventados pelos árabes muitos milênios depois, a palavra que
designava esses conhecimentos é “trama”, ou “tecido”, com referência ao ato de
cobrir o chão para fazer sexo, diferenciando dos animais que fazem sexo em
qualquer lugar. A palavra em sânscrito para trama ou tecido é “Tantra”.
Conta a
mitologia que o yoga foi dado aos homens pelo
deus Shiva. Como eu e, provavelmente, meus leitores não acreditamos no deus
Shiva, outra explicação deve ser buscada.
Não se tem
como saber, pois os criadores do yoga não deixaram registros escritos. Porém, é
possível inferir: as pessoas começaram a inventar o yoga como técnica de obter
maior prazer sexual derivada do tantrismo, da Arte dos Lençóis. Esse
ensinamento foi dividido em partes ou disciplinas, chamadas originalmente de “angas”.
Provavelmente,
os primeiros angas foram atos para deter a ejaculação. A contração do triângulo muscular da região pélvica, os chamados “bandhas”, foi uma grande conquista civilizatória.
Outras travas tiveram a mesma função, como os “mudrás”. Qual é a
diferença entre ambos? É que bandha detém o fluxo de kundalini por ação direta, muscular e mudrá o faz por ação reflexa
nervosa: morder a língua para deter um espirro é um mudrá, contrair os dentes
para levantar um objeto pesado, é um bandha.
No entanto,
a prática de bandhas e mudrás tem um problema: leva rapidamente ao declínio do
prazer sexual. Para prolongar o orgasmo, os antigos devem ter inventado uma
técnica de veneração do corpo feminino, a qual chamaram de “pujá”.
Assim, toda vez que o prazer diminui de intensidade, ele é retroalimentado pela
contemplação do(s) objeto(s) do desejo, e toda vez que o orgasmo chega a um
limite, é contido pelos atos não ejaculatórios, aumentando assim o tempo do
orgasmo.
À prática do
yoga, incorporou-se uma disciplina que estuda a respiração, chamada “pranayama”,
com a finalidade de alimentar a intensidade do orgasmo e outra prática chamada
“ásana”, que estuda as posições sexuais mais convenientes.
A
vocalização de sons durante o ato sexual também recebeu um estudo próprio,
chamado “mantrá”, com origens bem pornográficas: no budismo ainda se canta
“om, mani padma, hum”, que, em tradução literal e com palavras menos chulas
(sic), quer dizer “oh, pênis na vagina, humm” e nas academias de yoga canta-se
“om, Shiva lingam, om namah Shiva linga”, que quer dizer “oh, pênis do macho,
chama o pênis do macho...”, não sendo difícil de inferir que deveriam ser
pronunciados originalmente durante o ato sexual.
Os antigos
desenvolveram algo também para fazer enquanto se está concentrado no sexo, de
maneira a não dispersar a mente e ao mesmo tempo relaxar, que é a prática da
meditação, chamada de “samyama”.
Ao adormecer
após o ato, é preciso também não perder a concentração, para acordar
revitalizado e continuar a brincadeira, de maneira que foi inventada também uma
técnica chamada de “yoganidra”, que busca obter sonhos lúcidos,
manter-se consciente enquanto se dorme.
Por fim, o
yoga preconiza técnicas de higiene, que são limítrofes às demais técnicas do
tantrismo, já que não tratam diretamente do orgasmo, conjunto que recebeu o
nome de “kriyá”.
É este
motivo que no estudo científico do sexo deve-se dividir o ato sexual, conforme
fizeram os antigos, em dois grandes ramos, o da Arte dos Lençóis, ou seja, as técnicas
de casais, e a dos estudos do orgasmo, técnicas individuais, principalmente
masculinas, estudadas pelos angas do yoga.
Luiz Bonow, 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, nada de propagandas, palavrões ou ofensas!