“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A ARTE DOS LENÇÓIS E O YOGA

Campo de Estudo: Orgasmo

Encontra-se muita crítica na Internet a respeito do professor de yoga DeRose, mas, citando ou não fontes bibliográficas, baseando-se ou não em trabalhos anteriores, ele teve a grande sacada de colocar e divulgar o yoga quase como um método cartesiano arcaico, formado de partes. Sem dúvida, é um sujeito de mérito, ainda que no Brasil não se tenha o costume de dar valor ao valor.
A Arte dos Lençóis é um conjunto de técnicas, desenvolvida por diversos povos antigos, para um homem dar prazer a suas diversas esposas. Como as camas, e consequentemente os lençóis, foram inventados pelos árabes muitos milênios depois, a palavra que designava esses conhecimentos é “trama”, ou “tecido”, com referência ao ato de cobrir o chão para fazer sexo, diferenciando dos animais que fazem sexo em qualquer lugar. A palavra em sânscrito para trama ou tecido é “Tantra”.
Conta a mitologia que o yoga foi dado aos homens pelo deus Shiva. Como eu e, provavelmente, meus leitores não acreditamos no deus Shiva, outra explicação deve ser buscada.
Não se tem como saber, pois os criadores do yoga não deixaram registros escritos. Porém, é possível inferir: as pessoas começaram a inventar o yoga como técnica de obter maior prazer sexual derivada do tantrismo, da Arte dos Lençóis. Esse ensinamento foi dividido em partes ou disciplinas, chamadas originalmente de “angas”.
Provavelmente, os primeiros angas foram atos para deter a ejaculação. A contração do triângulo muscular da região pélvica, os chamados “bandhas”,  foi uma grande conquista civilizatória. Outras travas tiveram a mesma função, como os “mudrás”. Qual é a diferença entre ambos? É que bandha detém o fluxo de kundalini por ação direta, muscular e mudrá o faz por ação reflexa nervosa: morder a língua para deter um espirro é um mudrá, contrair os dentes para levantar um objeto pesado, é um bandha.
No entanto, a prática de bandhas e mudrás tem um problema: leva rapidamente ao declínio do prazer sexual. Para prolongar o orgasmo, os antigos devem ter inventado uma técnica de veneração do corpo feminino, a qual chamaram de “pujá”. Assim, toda vez que o prazer diminui de intensidade, ele é retroalimentado pela contemplação do(s) objeto(s) do desejo, e toda vez que o orgasmo chega a um limite, é contido pelos atos não ejaculatórios, aumentando assim o tempo do orgasmo.
À prática do yoga, incorporou-se uma disciplina que estuda a respiração, chamada “pranayama”, com a finalidade de alimentar a intensidade do orgasmo e outra prática chamada “ásana”, que estuda as posições sexuais mais convenientes.
A vocalização de sons durante o ato sexual também recebeu um estudo próprio, chamado “mantrá”, com origens bem pornográficas: no budismo ainda se canta “om, mani padma, hum”, que, em tradução literal e com palavras menos chulas (sic), quer dizer “oh, pênis na vagina, humm” e nas academias de yoga canta-se “om, Shiva lingam, om namah Shiva linga”, que quer dizer “oh, pênis do macho, chama o pênis do macho...”, não sendo difícil de inferir que deveriam ser pronunciados originalmente durante o ato sexual.
Os antigos desenvolveram algo também para fazer enquanto se está concentrado no sexo, de maneira a não dispersar a mente e ao mesmo tempo relaxar, que é a prática da meditação, chamada de “samyama”.
Ao adormecer após o ato, é preciso também não perder a concentração, para acordar revitalizado e continuar a brincadeira, de maneira que foi inventada também uma técnica chamada de “yoganidra”, que busca obter sonhos lúcidos, manter-se consciente enquanto se dorme.
Por fim, o yoga preconiza técnicas de higiene, que são limítrofes às demais técnicas do tantrismo, já que não tratam diretamente do orgasmo, conjunto que recebeu o nome de “kriyá”.
É este motivo que no estudo científico do sexo deve-se dividir o ato sexual, conforme fizeram os antigos, em dois grandes ramos, o da Arte dos Lençóis, ou seja, as técnicas de casais, e a dos estudos do orgasmo, técnicas individuais, principalmente masculinas, estudadas pelos angas do yoga.

Luiz Bonow, 2015

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