Campo de Estudo: Propedêutica
Há um
momento no filme Matrix que o personagem tem de escolher entre duas pílulas, a
azul que o deixava em um mundo de ilusões ou a vermelha, que o mostrava a
realidade nua e crua.
Trazendo
essa dicotomia para o mundo real, chame-se a pílula vermelha de “verdade” e a
pílula azul de “validade”.
Critérios de
validade, de pílula azul, são de grande valia no mundo do direito. Por exemplo,
o juiz não aceita uma confissão tomada sob tortura, pois, antes de conhecer a
verdade, é preciso deter os abusos do Estado.
A questão
dos direitos do homem atinge também outros ramos do conhecimento. Outro
exemplo, os cientistas da Luftwaffe desenvolveram as pesquisas mais profundas
de todos os tempos sobre congelamento, criando importantes descobertas para
ajudar vítimas de naufrágios e outras tragédias. No entanto, esses resultados
foram obtidos com cobaias humanas em campos de concentração, com torturas,
mortes e imensos sofrimentos. A pergunta é, será que é válido usar esses dados,
sabendo-se que algum psicopata no futuro poderia utilizar-se do mesmo
artifício, argumentando que o fim justificaria os meios?
Deve-se
perguntar se na ciência do sexo existem critérios de validade. Veja-se mais um
exemplo ainda para situar melhor essa pergunta: uma pesquisa norteamericana descobriu que as
lésbicas “butch” (masculinizadas) possuem média da relação de comprimento entre
os dedos da mão diferente da relação de comprimentos das lésbicas femininas,
indicando influência hormonal durante a gravidez. Será que esta é uma pesquisa
válida, ou pode gerar preconceito contra grupos humanos específicos?
A posição do
autor é que na ciência do sexo só existe pílula vermelha, por um simples
motivo: no sexo não existe sanção, como no direito. No exemplo dado, o que
interessa essa pesquisa? Será que o comprimento dos dedos vai gerar mais
preconceito que uma aparência “butch”, masculinizada?
No discurso
do sexo, os argumentos de validade, são chamados de Repressão Sexual e já foram dissertados nesta postagem anterior deste blog.
Excluindo-se, portanto as falácias, os argumentos de validade do sexo, restam
apenas os de verdade, removendo estes estudos do conjunto das ciências sociais
e os conduzindo ao status de ciência exata.
Dessa
maneira, caro leitor, ao falar de sexo, rasgue o véu de Maia, a deusa indiana
da ilusão, saia da Matrix.
Sem vacilar,
engula a pílula vermelha!
Luiz Bonow, 2015
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