“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.”

(Oscar Wilde)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

CENAS ERÓTICAS NO CINEMA


Se fosse para votar em uma cena de sexo ou sedução na história do cinema, em qual eu votaria?
Descartaria de imediato as grandes produções eróticas, como o velho Nove e Meia Semanas de Amor ou o 50 Tons de Cinza. Fora! com o Emanuelle e até mesmo as cenas icônicas, como o a do ovo do Império dos Sentidos ou da manteiga do Último Tango em Paris. Até o cruzar de pernas de Sharon Stone, também acho de mau gosto. Todos eles parecem dirigidos por adolescentes rebeldes. Bom cinema erótico é algo difícil de se encontrar.
Para não fazer injustiça às superproduções, eu faria duas referências ao filme Calígula: a primeira, no momento que o imperador persegue a irmã no bosque, correndo entre as árvores até que a seduz; a segunda, quando aparece no noivado do seu soldado de confiança e exerce o direito de “primae noctis” com a noiva. Talvez uma das cenas mais cruéis da história do cinema.
Gosto também das referências à adolescência em cenas clássicas do cinema que a ditadura do politicamente correto matou, que foram muito bem reproduzidas naquela propaganda dos Chocolates Garoto de 1995: Era Uma Vez na América, Verão de 42... Só faltou naquele anúncio, a cena do Amarcord, de Felini, em que o menino se sufoca nos seios de uma das matronas da aldeia.
Aliás, o italiano tinha umas cenas ótimas, como a do harém de ex-namoradas de Marcelo Mastroianni no filme Oito e Meio.
Ainda nos clássicos, Truffaut foi o melhor de todos os tempos. No “O Homem que Amava as Mulheres”, a cena do enterro em que dezenas de ex-namoradas seguem o caixão do personagem é antológica. Os encontros entre os amantes do “A Mulher do Lado” são maravilhosamente bem dirigidas. 
Na comédia “As Aventuras de Tom Jones” há uma cena em que Albert Finney vai jantar em uma estalagem e começa a paquerar a prostituta do local, com ambos comendo de maneira nojenta. É uma cena de sedução sensacional!
“Esse Obscuro Objeto do Desejo”, de Luís Buñuel, é outro filme de erotismo que merece ser assistido.
Há uma cena de Brian de Palma no filme “Dublê de Corpo” em que o personagem corre atrás de uma estranha que caminha pela praia e quando a alcança, ela simplesmente vira-se e retira os óculos escuros deixando tonta a plateia masculina do cinema. O diretor consegue criar naquele momento a mulher mais linda do mundo...
Philip Kaufman é outro diretor que entende do riscado. Gosto da cena em que Juliette Binoche se afasta de Daniel Day Lewis no “A Insustentável Leveza do Ser”, porque ele cheirava a outra mulher. “Henry & June”, o relacionamento entre Henry Miller, sua esposa June e a escritora Anaïs Nin, é outro primor do erotismo.
And my Oscar goes to... Henry IV! , de 2010. É um filme que quase ninguém assistiu, mas a primeira noite do futuro Rei Henrique com a Princesa Margot é um primor de direção cinematográfica. É dos poucos filmes que se tem a impressão que o diretor conhece a Arte dos Lençóis. Quem puder assista, além desta cena, virá junto também um grande filme.


Luiz Bonow, 2015

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